agosto 07, 2010

ZIRALDO

ZIRALDO SOLTA O VERBO, DIZ POR QUE SE RECUSOU A PARTICIPAR DA “FLIPINHA” (“ODEIO DIMINUTIVO”) E LANÇA DESAFIO: QUER SABER SE A FLIP TERIA CORAGEM DE CONVIDAR AUTORA DE HARRY POTTER PARA “FLIPINHA”

O cartunista,escritor, artista gráfico e polivalente Ziraldo vai ser personagem de uma entrevista no ALMANAQUE - em breve,na Globonews. Mas, enquanto a entrevista não vai ao ar, ele esquenta os tamborins: diz por que se recusou a participar da “Flipinha”, a versão infantil da Festa Literária de Paraty:

“Já fui convidado uma vez. Com muita honra, fui. E achei ótimo ter ido à Flip. Mas,este ano, o que aconteceu foi o seguinte: me mandaram um convite para que eu fosse para a Flipinha. Primeiro, o seguinte: eu odeio diminutivo ! (Depois da publicação do post, Ziraldo entrou em contato para esclarecer que,na verdade, implica com diminutivos que transmitem ideia de redução). Escrevo para criança. “Flipinha” já é uma coisa que reduz o que escritor para criança faz. Odeio oficina. Odeio esse negócio de fazer oficina com criança. Não sou animador. Quero ajudar a transformar o Brasil num país de leitores. Quero participar desta festa: convencer as pessoas de que ler é mais importante do que estudar. Mas para essa coisa de ficar sentado com criança fazendo figurinha não tenho paciência nenhuma. O convite que me fizeram foi: venha para a “Flipinha”. Eu me lembrei da história de Aracy de Almeida. Era namorada de Fernando Lobo. Um dia, numa boate, ela passou diante de uma mesa em que estava Fernando Lobo – que a havia abandonado. Fernando Lobo disse: “Olá…”.Aracy parou e disse: “Não sou mulher de olá…”.

“Falo para o pessoal da Flip : “Não sou mulher de Flipinha!” ( imita voz de Aracy de Almeida). Convidem J.K. Rowling (autora de Harry Potter), que escreve para criança, para ver se ela vem da Inglaterra para a “Flipinha”! Vocês me respeitem. Convidem para eu ir para a Flip. Mas para “Flipinha” não vou. Disseram: “Mas você vai para a Jornada de Passo Fundo”. Eu disse: “Não. Nunca me convidaram para “Jornadinha”. Sempre me respeitaram: me convidam para a Jornada. Chego lá, falo para criança. Não faço oficina. Não convidam ninguém para “jornadinha”. Não existe. Isso é diminuir o escritor. Pelo seguinte: os escritores que escrevem para criança no Brasil são tão importantes – ou mais – do que a maioria dos escritores que escrevem para adulto. Temos Ana Maria Machado, Rute Rocha, Bartolomeu Campos de Queirós. Poderia citar aqui uma infinidade de escritores. O Brasil tem um elenco de escritores para criança mais importante do mundo. Antônio Skármeta, o autor de O Carteiro e o Poeta, veio conversar comigo aqui no Brasil: não conhecia um autor infantil chileno ! É inacreditável. Aqui, no Brasil, não. A gente convive e se respeita. Os organizadores vão chamar você – um escritor infantil que vende o que vendo de livros e tem a repercussão que eu tenho – para participar da “Flipinha”? Que “Flipinha” ? Não vou para “Flipinha”. É isso o que aconteceu”.

Posted by geneton at agosto 7, 2010 10:45 AM
   
   
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