julho 27, 2007

O BRASIL É MACHO !

Quando quer parecer que não é machista, o Brasil mete os pés pelas mãos. Um ministro recém-nomeado declara que só aceitou o cargo porque a mulher mandou. Um senador diz que só voltou trás da decisão de renunciar a um cargo na comissão de ética porque a mulher quis assim. O presidente, quem não se lembra ?, levava a mulher para reuniões técnicas, numa cena constrangedora. O que ela estava fazendo ali ?

As três cenas são patéticas.

Se uma mulher anunciasse ao país que só aceitara ser nomeada para um cargo de primeiro escalão do governo porque o marido mandou,
seria chamada de quê ?

Com toda certeza, seria chamada de pamonha, frouxa, vaca, indecisa.
Por que com os homens não é assim ? Por que, quando um homem público confessa que é um pamonha diante da mulher, também não desperta os (merecidos) risos de escárnio ?

O motivo é o seguinte : país machista tolera perfeitamente pamonhices cometidas por homens. Os paus mandados sabem que, ao confessarem de público que são paus mandados, não cairão no ridículo. Pelo contrário : terminarão vistos como "anti-machistas".

Mas o que, à primeira vista, parecia ser um gesto anti-machista na verdade é a consagração máxima do machismo.

A certeza de que não levarão vaias e ovos é que faz estes cavalheiros confessarem de público que só fazem o que as respectivas mulheres mandam.

Independentemente de crença, competência, filiação partidiária e seja lá o que for, deve-se desconfiar imediatamente do homem que diz que só faz o que a mulher quer.

Isso é patético. Patético. Patético.

(O vexame público se repete na chamada "esfera privada". Já ouvi, com esses ouvidos que as labaredas do crematório um dia vão consumir, o telefone de um profissional ( competente) tocar de meia em meia hora durante uma viagem de trabalho. Era a mulher, preocupada em monitorá-lo à distância. Perdi a confiança na competência do bicho. O pior é que gente assim trata a submissão à mulher como se fosse "virtude").

Repito : só em um país cem por cento machista um homem se declara escravo da mulher sem ter medo de cair para sempre, por todos os séculos, no mais absoluto ridículo.

Posted by geneton at julho 27, 2007 12:15 PM
   
   
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