novembro 19, 2009

FAUSTO CATTANEO

AGENTE SECRETO JURADO DE MORTE PELA MÁFIA DIZ QUE DELEGADO BRASILEIRO ACEITOU “FAVORES” DE “PROSTITUTA DE LUXO” OFERECIDA POR INFORMANTE PROFISSIONAL EM PARIS

O DOSSIÊ GLOBONEWS exibe neste domingo, com exclusividade, o depoimento de um “agente infiltrado” ( o programa vai ao ar na Globonews ao meio-dia e meia do domingo e às três e meia da tarde da segunda, depois de exibido pela primeira vez no sábado, às sete e meia da noite).

Ei-lo:

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O agente, no Rio de Janeiro: missões perigosas (Imagem: Lúcio Rodrigues)

Fausto Cattaneo é o nome deste homem – que se diz marcado para morrer pela Máfia siciliana. Nacionalidade: suíça. Idade: sessenta e seis. Circulou, anônimo, pela zona sul do Rio nas últimas semanas.

“Eu sei que existe uma bala guardada para mim”, diz, sem drama.”A bala pode chegar da Máfia siciliana, por exemplo. Se quiserem me matar, eles me matam quando e como quiserem”.

Não é para menos: durante anos, o suíço Cattaneo atuou como agente infiltrado em organizações criminosas internacionais – uma função de altíssimo risco.

Sob identidades falsas, fez papel de advogado corrupto, banqueiro, traficante. O trabalho de Cattaneo tornou possível a apreensão de “toneladas de drogas” – e o confisco de “milhões de dólares” de dinheiro sujo, diz ele, sem especificar números.

Um informante que trabalhava para Cattaneo foi executado em grande estilo pela Máfia : ao lado do corpo, os autores da execução deixaram uma bala, intacta.

O célebre juiz italiano Giovanni Falcone, inimigo público da Máfia, tratou de fazer um alerta: aquela bala era um aviso sinistro endereçado ao próprio Cattaneo. Tempos depois, no dia 23 de maio de 1992, o próprio Falconi foi executado pela Máfia, num crime de repercussão internacional.

O locutor-que-vos-fala gravou uma longa entrevista com o agente. Como se fosse um turista comum, ele admirava a paisagem de cinema da Lagoa Rodrigo de Freitas, num dia de céu sem nuvens.

Resignado, diz aprendeu a conviver com o perigo, mas ficou assustado quando recebeu, em casa, uma ameça telefônica : uma voz “com sotaque siciliano”, avisava que seria fácil “pegar’ Cattaneo. Bastaria fazer com que um carro o atingisse, “por acidente”, no momento em que ele estivesse passeando de bicicleta, na pequena cidade onde ele vive, no sul da Suíça.

O temor tinha dois motivos. Primeiro: ter sido alcançado por telefone. “Meus números sempre foram ultra-secretos”. Segundo: o autor da ameaça sabia que ele costuma andar de bicicleta. É verdade.
O agente diz que teria coragem de se infiltrar no comando do tráfico no Rio, desde que contasse com a ajuda de “pessoas certas”

Cattaneo listou táticas usadas para se infiltar entre criminosos sem despertar suspeitas: “Ficar na prisão no meio de criminosos, sem que eles saibam; recrutar informantes, ganhar confiança e ter muita, muita paciência”.

O agente teria coragem de se infiltrar no comando do tráfico de drogas numa favela no Rio?

“”Sim”, diz ele. “Mas com a ajuda de pessoas certas. Sozinho,não. A primeira medida: deixar a impressão de que sou importante. Mas sem dizer jamais “eu sou importante”. O que vale é causar uma impressão particular n0s outros, até que eles digam: “Ah, esse gringo é a pessoa certa. Com esse gringo, a gente pode fazer negócio”.

Assim, o caminho estaria aberto para que o agente conhecesse, por dentro, o comando do tráfico.

O ex-agente infiltrado confirma que “prostitutas de alto luxo” são usadas por informantes profissionais como uma espécie de moeda de troca na garimpagem por informação privilegiada.

O esquema é simples: as “prostitutas de alto luxo” são oferecidas, por exemplo, a policiais envolvidos em investigações sigilosas. Os policiais que aceitam o “presente” ficam devendo este – e “outros favores” – aos informantes profissionais.

Quando ficam íntimos de policiais, os informantes podem eventualmente ter acesso a informações que valem ouro, num submundo marcado por lavagem de dinheiro, tráfico internacional e operações suspeitíssimas.

Os tais “informantes profissionais” de que fala Cattaneo não são nem policiais nem criminosos: são, em última instância, “traficantes” de informações. Fazem de tudo para ganhar a confiança e a intimidade de quem possui aquilo que eles perseguem: informação privilegiada.

Cattaneo garante que, “nos anos noventa”, um delegado da Polícia Federal brasileira enviado a Paris para uma investigação aceitou os “favores sexuais” de uma prostituta oferecida por um informante profissional. Em casos assim, os policiais “ficam na mão do informante”,como diz Cattaneo:

“Amanhã, se o delegado disser ao informante “ah,você não pode entrar nesta investigação”, o informante poderá dizer: “Não se esqueça daquele quarto, daquela cama, daquela bonitona em Paris…”.

A vida aventuresca de Fausto Cattaneo acaba de chegar às telas. Inédito no Brasil, o filme “Dirty Money: l´infiltré” foi lançado este ano na Europa.

A ligação de Cattaneo com o Brasil é sentimental: o ex-agente casou com uma brasileira. Fala um português perfeitamente compreensível, entrecortado por palavras em espanhol e em francês. Além de gosto por passeios de bicicleta, adora água de coco.

Posted by geneton at novembro 19, 2009 06:34 PM
   
   
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