junho 27, 2014

PEQUENO COMÍCIO A FAVOR DE EDUARDO "PENINHA" BUENO ( E CONTRA, TAMBÉM )

O locutor-que-vos-fala sobe no banquinho por trinta segundos, para dar um pitaco no grande comício das chamadas "redes sociais" - em que todos falam e alguns ouvem.
Tenho visto o programa Extraordinários ( Sportv, horário variável, em torno das 21:30 ). Em três palavras: bola na rede!
Eduardo Bueno - "Peninha, para os íntimos", como ele diz - foi simbolicamente "apedrejado" no Twittter e no Facebook por ter chamado o Nordeste de "bosta" no programa. A patrulha politicamente correta entrou em ação. Sinal dos tempos: vai chegar o dia em que ninguém poderá fazer uma brincadeira, ninguém poderá ser irônico, ninguém poderá fazer o papel de provocador.
Considero-me cem por cento insuspeito para "defender" Eduardo Bueno, já que sou nordestino até a medula - na certidão de nascimento, na formação e por escolha. Além de tudo, ele não precisa de defesa.
De qualquer maneira: Eduardo "Peninha" Bueno é uma figura - no bom sentido da palavra. Conheci, faz alguns anos, numa redação: hiperbólico, enciclopédico, "televisivo". Chamá-lo de "preconceituoso" é "trocar os pés pelas mãos", é "misturar alhos com bugalhos": não há lugar-comum que chegue para descrever o tamanho do equívoco. Fica, aqui, consignada minha solidariedade pernambucana.

Um senão: Eduardo Bueno vocifera contra as redes sociais. Disse que o fundador do Facebook é "um babaca". Pode ser. Mas vociferar contra as "redes sociais" é um equívoco monumental! Há lixo nas redes? Há, claro, em quantidades industriais. Mas as estradas que elas abrem para a troca de informações e de conhecimento são estupendas! Nunca existiu algo assim.
O fato de alguém - "babaca" ou não - ter criado uma "rede social" capaz de manter conectada uma grande parte da população do planeta é extraordinário. É algo inédito na história. Não é exagero: trata-se de um fenômeno de dimensões planetárias.
Hoje, como se sabe, qualquer um pode "produzir conteúdo" nas redes sociais. O locutor-que-vos-fala declara solenemente o seguinte: a explosão de informações produzida pelas "redes sociais" é mais saudável do que a cena anterior: um bando de maníacos ( e aí me incluo ) trancados nas redações do planeta pontificando sobre o que é que o público deveria ler, ver e ouvir. Deus do céu...A cena ficou ligeiramente ridícula. Um terremoto de dimensões bíblicas abalou este cenário - ainda bem! Os jornalistas deixaram de ser os únicos intermediários entre a informação, a opinião e o distinto público. Que seja assim - para sempre.
Reconheço que há um dado relativamente "assustador": pouca gente se lembra de que o Facebook, por exemplo, é uma empresa privada multibilionária. Amanhã, se os donos desta joça amanhecerem de mau humor, podem fechar o barraco. Podem, sim. Em última instância, este oceano de textos e imagens pode ir para o lixo ou ter destino incerto e não sabido. Mas....e daí? Em uma semana, outra "rede social" arrebanhará milhões de seguidores.
Discordo da posição de "velhos jornalistas" que se recusam a escrever no Facebook, porque acham que, assim, estariam trabalhando de graça para um patrão invisível. É uma atitude olimpicamente pretensiosa e vaidosa. Não me julgo tão importante a ponto de querer receber dinheiro do Facebook para escrever minhas bobagens. Estão equivocados, também, os que desqualificam as "redes sociais" por achá-las um antro de debilóides, frustrados, covardes. É uma visão tristemente conservadora e equivocadamente apocalíptica.
Por que Eduardo Bueno ( ou qualquer outro ) não poderia ter uma bela página no Facebook, para dar opiniões, veicular informações, falar dos seus livros etc.etc.? Qual seria o problema? É lamentável que o próprio Eduardo Bueno seja o primeiro a excluir Eduardo Bueno dessa balbúrdia virtual.
Não sou praticante fanático da Igreja Universal do Facebook nem passo o dia acendendo vela para Nossa Senhora do Twitter. Frequento as duas redes moderadamente - mas já recolhi coisas úteis nas duas, já encontrei informações que procurava, já descobri textos e imagens fantásticos.
Termina aqui o comício duplo: a favor de Eduardo Peninha Bueno no caso da "polêmica" sobre nordestinos e contra Eduardo Peninha Bueno no caso da repulsa às redes sociais.
Recolho meu banquinho, apago a luz do circo mambembe onde costumo me apresentar, digo boa noite ao único espectador do comício - que, a essa altura, já dormia profundamente - e vou me embora. É hora de começar a concentração para o próximo jogo do Brasil na Copa.

Posted by geneton at junho 27, 2014 01:25 PM
   
   
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