fevereiro 05, 2010

CHRISTOPHER KENNEDY LAWFORD

UM KENNEDY LEVANTA A VOZ PARA PEDIR O FIM DO EMBARGO AMERICANO CONTRA CUBA

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Com o tio, John Kennedy : infância em "berço de ouro"
A atribulada biografia de um Kennedy : entrevista exclusiva será reexibida neste domingo ao meio-dia e meia, com nova reprise na segunda, às 3 e meia da tarde,no DOSSIÊ GLOBONEWS.

Você é um Kennedy. O pai, Peter Lawford, é ator em Hollywood. Você se acostuma a conviver, em casa, com gente como Marylin Monroe e Frank Sinatra. Elizabeth Taylor leva você para tomar banho de piscina. Um tio, JFK,é presidente dos Estados Unidos. A tia é a mulher mais famosa do mundo: Jaqueline Kennedy. Outro tio, Robert Kennedy, é senador. Aos olhos dos outros mortais, são supercelebridades. Para você, não: são apenas parentes, amigos, visitas.

O que é que o futuro reserva para você ? Fama, poder e fortuna, é óbvio – diria uma cigana esperta, sem fazer o menor esforço. Não há como dar errado. Se quiser, você pode fazer carreira política: basta brandir o sobrenome célebre numa campanha eleitoral. Se prefrir, pode brilhar nas telas de cinema. O pai se encarregará de fazer todos os contatos necessários para que as portas se abram.

Mas, não. A “vida real” é capaz de desfazer o que as cartas das ciganas dizem. Roteiros previsíveis raramente se confirmam.

Primeiro, você recebe a notícia de que tio célebre – John - foi abatido a tiros numa praça em Dallas, ao meio-dia e meia do dia 22 de de novembro de 1963. Depois, já adolescente, você lê no jornal que o “tio Bob”, o senador Robert Kennedy, tinha sido atingido pelos tiros de um imigrante jordaniano num hotel em Los Angeles, n0 momento em que comemorava uma vitória nas eleições primárias para escolha do candidato do Partido Democrata a presidente dos Estados Unidos, nas eleições de 1968. Você pensa: “Ah, de novo, não”. O pai, viciado em bebida, tinha saído de casa.

Três meses depois do assassinato de Robert Kennedy , você começa a usar drogas. Tinha virado um adolescente “revoltado e assustado”.

O resultado: em pouco tempo, você usa drogas pesadas. Vai ao fundo do poço: chega a pedir dinheiro a transeuntes, numa estação ferroviária, em Nova York, para comprar droga. Ninguém seria capaz de imaginar que ali estava alguém com o sobrenome Kennedy.

Você termina pegando Hepatite C. Nem sabe dizer como: deve ter sido através de uma seringa contaminada. Consegue se livrar do vício. Hoje, é pai de três filhos. Viaja pelo mundo fazendo campanha de esclarecimento sobre a doença. Dá esperança aos portadores. São milhões.

Como você é um Kennedy, não deixa de tratar de política, é claro. Não poderia. Resolve, então, erguer uma bandeira surpreendente : diz que os Estados Unidos devem suspender, já, o embargo comercial imposto a Cuba, um castigo que já dura meio século. O embargo, você diz, é ineficiente. Pode ter tido alguma utilidade política um dia. Hoje, só serve para mostrar que os dois grandes partidos americanos, o Democrata e o Republicano, viraram reféns de uma tropa de exilados cubanos que perderam tudo na Revolução Cubana. Num gesto que, em outros tempos, seria inimaginável, você desembarca em Cuba para um encontro logo com quem: com Fidel Castro, em pessoa, o homem que um dia seus tios tentaram,em vão, desalojar do poder.

Você é afirmativo: diz que os Estados Unidos devem suspender o embargo a Cuba “amanhã” . Motivo: enquanto durar o embargo, o próprio governo de Cuba terá uma bela chance de demonizar os EUA e usá-lo como desculpa para seus próprios erros. O embargo comercial não é bom nem para o povo cubano nem para o povo americano. Chegou a hora de suspendê-lo – é o que você diz, numa extensa entrevista que gravou para o DOSSIÊ GLOBONEWS.

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Um Kennedy pede o fim do embargo contra Cuba : chegou a hora

Você fala com a desenvoltura e a simpatia de um Kennedy em campanha. É bem articulado. De vez em quando, solta uma frase bem-humorada para pontuar uma observação. Pergunto: por que diabos você não segue a carreira política ? O sobrenome Kennedy ainda pesa: já seria meio caminho andado. Você diz que não, não pensa em se candidatar. Chegou à conclusão de que mudar “qualquer coisa” nos EUA é uma tarefa extremamente difícil. Ao contrário do “tio Ted”, capaz de conviver e argumentar exaustivamente com quem lhe fazia oposição, você diz que não teria paciência para tanta negociação ( o “tio Ted” é o senador Edward Kennedy – a quem você se refere com a reverência quase filial). Mas, para não fugir do figurino clássico dos candidatos a político, você deixa no ar a possibilidade de um dia tentar a carreira política.

É assim. Quase nada acontece de acordo com o figurino que os ingênuos imaginam.

Você se chama Christopher Kennedy Lawford. Assim que acaba a gravação para o DOSSIÊ GLOBONEWS, você diz que gostaria de receber,depois, uma cópia da entrevista editada. Oferece um exemplar autografado do livro que publicou sobre a batalha contra a hepatite. A caminho do elevador, faz uma confidência: diz que de vez em quando fica espantado com o nível de desinformação de repórteres americanos que o procuram.

Uma cena inesquecível: criança, ele viu a mulher “mais famosa do mundo” sem roupa. Era Jacqueline Kennedy

Você vem de uma família que vive sob os holofotes da imprensa. Sempre foi assim. Os Kennedy já foram chamados de “a família real americana”. Não por acaso, a chamada “imprensa sensacionalista” não perde uma chance de falar de um Kennedy, especialmente os que, como você, já se envolveram em “escândalos” , como o vício em drogas, por exemplo. Você diz que não lê jornais sensacionalistas nem vê programas de fofocas na TV. Torce para que o público um dia fique entediado com a fofocagem sobre as celebridades. Fica assustado quando vê que casais famosos negociam a venda de fotos de filhos recém-nascidos. Se alguém, em décadas passadas, dissesse que fotos de bebês seriam vendidas por milhões, seria chamado de louco, diz você, com ar ligeiramente desolado.

Em um livro autobiográfico que lançou nos Estados Unidos, mas que não chegou ao Brasil, você cita uma cena marcante : o dia em que, sem querer, via a tia famosa, Jacqueline Kennedy, nua:

“Uma noite, enquanto meu primo John dormia, procurei por minha tia Jackie para saber se eu poderia telefonar para casa. Chamei-a, mas não obtive resposta.Fui ao quarto, ouvi o barulho de chuveiro ligado no banheiro. Aproximei-me da porta,para ver se ela estava lá. A porta estava entreaberta. Pude ver que ela estava se preparando para tomar banho e fazendo seus exercícios diários. Fiquei na porta, hipnotizado. Era a primeira vez que eu via uma mulher daquela maneira. Eu tinha dez anos de idade. Estava tendo uma experiência que provavelmente todo homem termina tendo. Mas a mulher que eu estava vendo ali era possivelmente a mais famosa do planeta. Vê-la daquela jeito transformou-me: deixei de ser o garoto que eu era para me tornar algo mais. Passei a ser o dono de um segredo sobre a mais reclusa das mulheres – minha tia Jackie”.

Posted by geneton at fevereiro 5, 2010 12:51 PM
   
   
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