janeiro 29, 2010

PETE BEST

QUEM É “O HOMEM MAIS AZARADO DA HISTÓRIA DA MÚSICA” ? RESPOSTA : PETE BEST, O PRIMEIRO BATERISTA DOS BEATLES

A Globonews exibiu, DOSSIÊ GLOBONEWS, uma entrevista exclusiva com o “homem mais azarado da história da música” : Pete Best, o ex-baterista dos Beatles. http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1470456-17665,00-EXBEATLE+PETE+BEST+REVELA+HISTORIAS+DE+BASTIDORES+DA+BANDA.html

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John Lennon, George Harrison, Paul McCartney e Pete Best: The Beatles!

Quem deu o telefonema foi Paul McCartney. Os Beatles iriam viajar para uma série de apresentações em clubes noturnos de Hamburgo, na Alemanha. Pete Best gostaria de fazer parte do grupo como baterista ? A resposta: sim.

Paul McCartney era, à época, um músico (quase) anônimo de Liverpool. Pete Best, idem. Os Beatles ensaiavam seus primeiros passos. John Lennon e George Harrison já faziam parte do grupo. Nem de longe imaginavam que iriam se tornar ícones da cultura pop do Século XX.

O resto,como se diz, é história. De agosto de 1960 a agosto de 1962, Pete Best foi um Beatle. Era o baterista do grupo. Terminou dispensado sem maiores explicações. Quem deu a ele a má notícia foi o empresário Brian Epstein. Os ex-companheiros de banda preferiram escapar do constrangimento. A demissão de Pete Best se tornou um dos “mistérios” da música pop. Nunca apareceu uma explicação convincente.

Pouco tempos depois de sair do grupo, Pete Best viu os Beatles se tornarem sucesso mundial. Terminou tentando o suicídio, “sem razão”, como diz. Mas qualquer psicólogo amador seria capaz de apontar o motivo: o enorme sentimento de perda. Não por acaso, Pete Best chegou a ser apontado como o homem mais azarado da história da música,por ter saído dos Beatles às vésperas da consagração do grupo como a maior banda já surgida na música pop.

Quase meio século depois de ter recebido o telefonema de Paul McCartney, eis Pete Best diante do locutor-que-vos-fala, para gravação de uma entrevista. Hoje, comanda a Pete Best Band. Faz excursões pelo mundo. Em qualquer parte, haverá sempre um punhado de beatlemaníacos em busca de uma foto ou um autógrafo de um ex-beatle.

Ter saído dos Beatles significa, para Pete Best, o que a derrota para o Uruguai significou para os jogadores da seleção brasileira de 1950: uma marca para o resto da vida. Todo e qualquer contato com Pete Best termina, inevitavelmente, enveredando pelo agosto aziago de 1962: ali, ele perdeu o prêmio grande da loteria. Não há como não tocar no assunto.

Tive a curiosidade de tentar descobrir como é que o personagem de uma perda desta magnitude convive com o (inevitável e imorredouro) sentimento de frustração. Logo no início da entrevista ( a terceira que fiz com ele – de 1985 para cá ), constato que Pete Best construiu uma explicação duradoura para compensar a frustração : em vez de cair na lamentação pura e simples, diz que, independentemente do que pode ter acontecido, ele é, para todo o sempre, parte da história da “maior banda” de todos os tempos. Para ele, é o que conta. É verdade. Ponto final.

Pete Best é um grande personagem jornalístico. Porque a história dos perdedores pode ser – e é – tão fascinante quanto a dos vitoriosos.

Tive a chance de entrevistar, na segunda metade dos anos oitenta, os onze jogadores que perderam a final da Copa do Mundo de 1950 para o Uruguai, no Maracanã, na maior tragédia da história do nosso futebol. Os onze perderam,igualmente, a chance de conhecer a glória, a fama, a fortuna. Eram onze Pete Best . A exemplo de Pete Best, os menos amargos trataram de construir, também, um belo consolo: diziam que, para eles, o que importava era que a Seleção de 1950 foi a primeira a conquistar um título de importância para o futebol brasileiro – o vice-campeonato mundial de futebol. Um dia, seriam reconhecidos. Se passassem o resto da vida lamentando o gol de Ghiggia, enlouqueceriam.

Pete Best foi ao “fundo poço”. Fechou a porta e abriu o gás, em casa, em meados dos anos sessenta, mas foi salvo pela mãe. A cada vez que alguém fala do dia em que saiu dos Beatles, ele trata de se defender, com uma explicação que parece convincente.

Como se fosse um desses gurus de autoajuda, ele nos diz que o importante não é exatamente o que aconteceu, mas a maneira como cada um escolhe olhar o passado, este velho monstro inapagável.

A lição de Pete Best pode ser útil, utilíssima.

Feita esta constatação, declaro solenemente encerrada minha carreira de pseudo-conselheiro.

Posted by geneton at janeiro 29, 2010 12:51 PM
   
   
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